21 novembro, 2007

Caminho

Ao alcance dos meus olhos, embalei no colo o seu sono e te apresentei ao doce do mundo no leite do meu peito.
Temerosa, acompanhei seus primeiros passos oscilantes, sustentados pelas nossas mãos dadas.
Empurrei a bicicleta quando você tomou coragem pra se livrar das rodinhas – “só pra dar estabilidade”, menti: o coração que ia se equilibrando era o meu, eu que precisava do apoio para não cair.
Continuei seguindo seus passos já firmes com menos receio e cada vez mais orgulho.
Suas pernas abandonaram as bermudas e se firmaram em calças.
Meu olhar zeloso, sempre ao seu encalço, já pedia óculos.
Depois do pedágio, numa curva já não mais te vi: talvez tenha tomado algum desvio ou atalho que desconheço; talvez siga só mais à frente, e certamente poderei voltar a te ver num trecho reto mais à frente, se conseguir acelerar.
Só não posso pensar que você talvez não olhe mais pelo retrovisor enquanto aceno no vazio, de longe.

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