25 fevereiro, 2007

O papel dos papéis

1. Nas eleições passadas, quando fui mesário, notei que as cédulas a serem usadas no caso de pane na maquininha eram feitas de papel jornal.
2. Achei a metonímia apropriada: o e-leitor também tinha o direito de ele mesmo escrever os nomes com que os periódicos manchariam suas páginas policiais menos nobres.
3. Voltei naquele dia para casa inspirado pelo desejo de comprar um volume da Constituição em papel crepom – mesmo amassado ou rasgado, esse papel continua lindo!
4. E, se me aborrecesse, poderia tomar-lhe uma ou duas páginas para fazer um lindo adorno de flores artificiais.
5. Foi com choque que, ao chegar à livraria no dia seguinte, percebi que todo o dinheiro que forrava minha carteira era feito de papel higiênico.
6. Com dificuldade, consegui com ele limpar e descartar todo o meu valor antes do final do mês.
7. Mas não consegui diluir o incessante odor do preço.
8. Felizmente, chegou o quinto dia de um novo mês, e recebi com alegria o meu holerite – politicamente corretamente feito de papel reciclado.

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