Rejeição
"As razões de minha recusa são múltiplas, mas não se preocupe, agirei com clemência. Em primeiro lugar, devo dizer que vosso manuscrito oscila, do princípio ao fim, entre o banal e o desinteressante. O que deveria ser literatura se transforma, na verdade, em poderoso sonífero. Devo reconhecer que emana de vossa prosa uma tênue musicalidade, mas, infelizmente, essa ladainha é antiquada, e o refrão é tedioso. Não pretendo arrasá-lo, porém devo dizer que raramente li um texto tão coalhado de defeitos. Que fazer? Apesar de todo o empenho, o senhor não tem talento.
(...) O senhor é livre para efetuar novas tentativas, ou para ter o bom senso de se curvar ante meu veredicto."
(“Vaticinador”. In: A arte de recusar um original, de Camilien Roy, p. 43)