Entre tempos
O relatório só precisa ser entregue daqui alguns meses, mas
é melhor concluir esse trabalho antes de deixar esse continente para trás.
Organizando seus papeis, fica claro que menos de uma semana
é o suficiente para registrar os principais pontos que não podem ser esquecidos
– e mais um pouco, que a burocracia demanda.
Um dia passa e, depois, outros.
Ainda há tempo de terminar nessa mesma semana, se o ritmo foi duplicado. Mas qual o sentido de correr para terminar uma obrigação que não tem pressa nenhuma de ser concluída?
Ansioso, contempla a terrível possibilidade de que o único
motivo para concluir um trabalho (sua única finalidade) seja sustar a pressão
do prazo, ticando uma tarefa que automaticamente é substituída por outra nova.
Ao final da semana, o coelho se pergunta se ainda está na
frente, ou se deve começar a correr atrás da tartaruga como Aquiles: cada vez
mais perto, mas nunca lá. Ainda está adiantando a procrastinação... ou já passou
a atrasar a correria da reta final?
Um comentário:
E a gente sempre pensa ter todo o tempo do mundo... afinal o que são alguns passos miúdos, algumas horas descompassadas, alguns dias perto da imensidão que ainda nos resta, se é que nos resta[...]
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