05 julho, 2014

Saudade, longe do berço

“Longe do berço, a palavra saudade é mais forte”, diria um expatriado lusitano, ainda pouco acostumado a encarar o sol nascer no mesmo Atlântico que agora o separa de casa.

Na verdade, essas palavras nunca chegam aos lábios. E vem de um brasileiro, feliz por mais um entardecer português.

Também a nascente desse idioma que une as margens atlânticas não se encontra aqui: o Lácio italiano deu flor longe das suas raízes latinas, e criou um idioma que já nasceu deslocado e saudoso.

E talvez saudade seja uma palavra muito forte para quem já começa a ver o retorno chegar, mas ainda se sente em casa onde não pertence.

Mas a verdade não faria sentido.

Real, só a palavra que viaja e nos carrega em seus sentidos.

Todos os outros fingem.

Um comentário:

Mariana Marchesi disse...

Mas onde é q a gente pertence mesmo? Morar em outro lugar, mesmo por pouco tempo, faz do nosso corpo a casa da saudade, pra sempre, pois estaremos sempre em uma das margens, longe mesmo q perto.