Saudade, longe do berço
“Longe do berço, a palavra saudade é mais forte”, diria um
expatriado lusitano, ainda pouco acostumado a encarar o sol nascer no mesmo Atlântico
que agora o separa de casa.
Na verdade, essas palavras nunca chegam aos lábios. E vem de
um brasileiro, feliz por mais um entardecer português.
Também a nascente desse idioma que une as margens atlânticas
não se encontra aqui: o Lácio italiano deu flor longe das suas raízes latinas,
e criou um idioma que já nasceu deslocado e saudoso.
E talvez saudade seja uma palavra muito forte para quem já
começa a ver o retorno chegar, mas ainda se sente em casa onde não pertence.
Mas a verdade não faria sentido.
Real, só a palavra que viaja e nos carrega em seus sentidos.
Todos os outros fingem.
Um comentário:
Mas onde é q a gente pertence mesmo? Morar em outro lugar, mesmo por pouco tempo, faz do nosso corpo a casa da saudade, pra sempre, pois estaremos sempre em uma das margens, longe mesmo q perto.
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