05 fevereiro, 2008

Criação

A partir de uma só seção do tronco sólido, dividi-la em quatro faixas finas e firmes, uma base redonda, mais oito filetes curtos e um grosso e longo para o suporte das costas.
Ainda com o dedo mordido pelo martelo e as costas latejantes pela incômoda posição da serra, o conforto de descansar as pernas num banco seu – não só porque você o possui, ou porque está reservado para seu assento, mas porque você o fez, você o criou a partir de uma só seção de tronco sólido e o transformou em repouso.
Você poderia lixá-lo, cobrir com uma camada da tinta que sobrou do telhado, mas aí seria outro banco, menos rústico, menos seu.
Enquanto você está trabalhando, durante o dia, os netos se apóiam nele para roubar biscoitos. O cão dorme encostado nas suas pernas enquanto você viaja para a cidade.
Muito depois de você ter ido, ainda haverá quem possa ocupar o seu lugar. Mesmo quando todos os que já ouviram suas histórias se forem, qualquer pessoa ainda poderá descansar na sua sólida criação.
E assim será até que o fogo o consuma e apague.

Nenhum comentário: