Ócio
Talvez eu devesse voltar a fazer alguma coisa com os meus dias além de aguardar o anoitecer intercalando refeições.
Antigamente, eu tinha um emprego, completava o orçamento com trabalhos extras, filmava, corria, nadava, estudava de noite e escrevia. Acho que em algum ponto eu tirei férias, ou me demiti, não sei ao certo... talvez houvesse uma garota, também.
Só sei que uma grande parte do propósito dos meus dias se dissolveu em expectativas.
No princípio, troquei minha cama por areia movediça, num deserto em que os sonhos me tentavam e decepcionavam, como oásis. O tempo foi passando, e os passatempos expandiram-se até não sobrar um só instante livre que pudesse dedicar a alguma atividade produtiva. Fui absorvido por livros que não eram os que eu estava escrevendo, filmes que não havia dirigido, estudos que não havia publicado, problemas que não eram os meus.
Histórias alheias acabaram ocupando o tempo ocioso que eu passei a chamar de vida.
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