Ilhado
As ondas batiam fortes e mais rápidas que as suas braçadas de delírio. Aos poucos a fadiga, as câimbras, a dor no baço e o desespero começam a carregar o corpo de volta à praia.
A correnteza lhe dá tempo para retomar sua respiração.
Enquanto flutua no verde frio das águas, ele encara o céu, sem conseguir ver qualquer terra no horizonte além da sua ilha. Suas braçadas não são fortes o suficiente para lhe dar asas que o resgatem desse imã de lama e abandono.
Ainda assim ele tenta, todas as manhãs, fugir do cativeiro náufrago. Às tardes ele é arrastado de volta com a vã esperança de que o mar possa ter trazido também outra ilha – qualquer uma – no lugar daquela. Ou outro náufrago para dividir sua miséria.
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