O cheiro da Morte e dos rendimentos com tributação exclusiva retida na fonte – Ivan 8,8
Senti um caroço num lugar que não dá para publicar aqui. Percebi que algo estava errado quando revisava a coluna dos rendimentos isentos de tributação da minha declaração de imposto de renda.
No caminho para o hospital do outro lado da cidade, uma nuvem de fumaça revelou o quarto cavaleiro do apocalipse: Morte cavalgava seu corcel de aço, plástico e pneus de borracha, cruzando as faixas da marginal em zigue-zague.
Tentei escapar do relinchar estridente da sua buzina, mas uma coluna interminável de carros abandonados impediu o avanço do meu carro. Abandonando minha redoma de segurança e ar-condicionado, enfrentei o asfalto duro e o calor fétido que emana do rio Pinheiros.
Em segundos, porém, o cavaleiro vestido com um manto negro e acolchoado me alcança, sem revelar o rosto vazio por trás de seu capacete. Da caixa fúnebre em suas costas ele saca sua foice mortal: uma nota fiscal que eu havia esquecido de incluir no balanço para o contador.
Era chegado o Dia do Juízo Final, quando todos os mortos se levantarão e serão auditados pela Receita Federal – que permitirá o acesso dos justos à companhia do Criador, sentenciará os impuros ao purgatório do Pente Fino e os infiéis sonegadores à danação infernal.
Um comentário:
hauhauhauha!
Eu nem li todo o seu blog ainda, mas tenho certeza de que esse é o capítulo q eu mais gosto.
E poucas visões do inferno me entristeceram tanto quanto essa...
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