As madrugadas são para os fortes
Algumas pessoas são maiores do que suas camas e recusam-se a algemar-se entre lençóis, oferecendo o pescoço à guilhotina do travesseiro.
Para essas pessoas, as madrugadas são o Velho Oeste selvagem e cheio de oportunidades, o Atlântico com as promessas do Novo Mundo. Aos que ousam cruzá-las, há a promessa esperançosa da terra-a-vista, vislumbrada, num novo horizonte, pelo nascer do sol.
Madrugadas são o campo de batalha contra o inimigo interno e invencível do sono, ceifador que, como a morte, tenta os justos com paraísos oníricos e ameaça a todos com pesadelos dantescos. “Um dia você vai morrer, e será assim” – sussurra o desenlace inconsciente ao que sucumbe e adormece.
São o teste para os que não tem obrigação de acordar cedo e o desespero para os que, na verdade, não tem motivos para levantar-se em qualquer horário porque, afinal, nunca realmente despertaram.
É o único lugar em que se pode escrever em paz, longe da visão incandescente do mundo. São um convite em branco para os que se recusam a esperar o próximo ataque de diarréia cotidiana de olhos fechados.
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